O dia inteiro fiquei pensando nela, não conseguia escrever, ai essa poesia!
Fazia e desfazia. TANTAS VEZES que nem sei dizer.
Por fim, comecei.
Eu a pintava em cores que não eram as suas mas pintava assim mesmo, só pintava simplesmente, sem pensar qual a cor certa, sem querer deixar bonito. Só pintar.
Sem duvida, ou eufemismo, ou medo do que você vai pensar, fazia os traços com força, amassava a folha,
pintava mais, mais, mais. A folha amassava e ficava cada vez mais frágil molhada de tinta, por vezes
rasgava aqui ou ali. Terminei, olhei a poesia que tinha acabo de escrever com palavras que só encontro no
meu estojo de guache e nos lápis de cor. Pensei... "Não". Rasguei a folha, "Tá feio" Rasguei mais ainda, uma tarde inteira eu rasguei. Nunca pensei em jogar fora, nunca pensei que fosse um desperdício, na verdade, rasguei porque achei que ficaria mais bonito rasgado. Foi quando vi a parte branca. Juro que levei um susto quando vi, aquela parte em branco,que me olhava fundo, muito fundo dentro de mim. Ali percebi a delicadeza do seu olhar,a minuciosidade dos traços a beleza das cores, a pureza do branco. Ahh... Aquele branco do seu olho. Tão lindamente puro quanto a própria cor branca que há nele.
Me sinto olhado agora. Talvez seja a minha forma desesperada de encontrar seu olhar.
Desde que terminei não paro de olhar...
Essa parte em branco que diz tudo, simplesmente por não ter nada escrito...
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