sábado, 19 de fevereiro de 2011

Na margem da Rua

Dia 19-02-11 Aniversário da Luiza, as 5:30 da manhã estava eu Tom Ju e Luiza estávamos voltado do Cana atrás de nós vinha um casal de homossexuais sozinhos um menino e uma menina quando estávamos a poucos metros do ponto de ônibus  fomos abordados por 6 garotos todos pré adolescentes todos negros todos pobres.
- Ou... para ai mermão!
Não paramos continuamos a andar como se eles não estivessem ali
- Kolé! Não ouviu não?! PARA AI PORRA!
O clima ficou tenso,um dos garotos tentou tirar a força a bolsa da minha amiga ela resistiu eu fui pra cima do garoto ele desistiu de pegar a bolsa os garotos ficavam cada vez mais alvoroçados o menino que tentou tirar a bolsa dela me olhou nos olhos e segurou a arma que tinha na cintura, a partir daquele momento tudo mudou uma coisa são seis moleques outra coisa são moleques armados pensei comigo foi ai que diminui o ritmo das passadas.
- Calma ai mano...
- Calma ai o caralho vem aqui!
Ele segurou na gola da minha camisa e foi me arrastando pro canto da rua enquanto isso os outros nos rodeavam levei uns socos na cabeça, o garoto que segurava minha gola era justamente o garoto que estava armado e naquele momento eu pensava o tempo todo "reagir/não reagir/reagir/não reagir" ele tentou me dar um soco eu desviei, tentou de novo desviei mas dessa vez acertou meu pescoço, confesso que nem sentia a investida do garoto ele devia ter uns 14 anos era fraco,outro garoto vendo que o menino estava com dificuldade foi ajuda-lo ai já eram dois em cima de mim, o Tom veio pro meu lado e disse :
- Ou larga ele...
Isso foi o suficiente pra mim, tirei com força a mão do garoto da minha camisa arranquei com violência meu corpo pra traz  e sai de perto  a essa altura já estava todo mundo em estado de alerta total eu olhei para as meninas e disse:
Corre...
Assim elas o fizeram, Tom e eu continuamos andando em passos rápidos, mas passos mesmo assim, sem correr, só andando com um pouco mais de pressa que o habitual. Eles ficaram onde estavam não foram atrás da gente se contentaram em jogar uma pedra e pronto...Acabou.
A Ju com os olhos cheios d'agua com voz embargada de choro me abraçou sem parar de andar.
- Eles te machucaram amigo?
- Não claro que não,nem senti...
- Machucaram sim...
E chorava, chorava.
- Não, claro que não,deixa disso Ju vão bora já acabo já...
Não queria deixar as coisas piores que estavam agi com a maior naturalidade do mundo como se aquilo já estivesse previsto, como se tivesse acontecido 100 vezes.O Tom nessa hora sentou na calçada, ele tremia e chorava mas de primeira instância já se percebia que era um choro de revolta e um tremor de raiva ele queria voltar e espancar aqueles garotos um por um,claro que a gente impediu.
- Calma Tom não vai adianta nada você i lá.
- É cara, relaxa já foi, já passo tá de boa já.
- Tom, para com isso você não vai volta lá!
Nós o levantamos da calçada e continuamos em direção ao ponto,várias vezes ele parou no âmbito de voltar pra lá e fazer o que ele pensou em fazer ou o que ele faria sem pensar. Chegamos no ponto chocado com tudo que tinha acontecido.
- Ainda bem que foi a gente, se fosse aquele casal de gays eles não teria chance, eles estavam bem atrás da gente e conseguiram fugir sem serem notados.
- É... Nós éramos mais...
Chegou o ônibus,entramos o Tom não parava de chorar repetia o tempo todo.
- As meninas... Podia ter acontecido alguma coisa...Porque ele não bateu em mim?...Porque vocês não correram antes?...
Isso sim me doeu o coração, isso sim me deu vontade de chorar, era de rasgar o coração ver as lágrimas nos olhos dele que desciam por nossa causa, lágrimas de preocupação do que poderia ter acontecido, lágrimas de revolta por não ter acontecido nada com ele.
Chegou meu ponto dei sinal.
- Lu...Feliz aniversário! (um sorriso amarelo nos lábios) Ju...Boa noite moça bom te ver.(um breve silêncio) Tom...olha pra mim... (ele não conseguia quanto mais se forçava a olhar mais ele tinha que prender o choro) olha pra mim...(ele não olhava,perdi o ponto,decidi não pressionar) Tom... fica bem moço.
Dei-lhe um beijo na testa e desci. Só depois que vi o portão da minha casa que comecei a chorar pensando no que tinha acontecido foi rápido as lágrimas nem chegaram a escorrer do rosto quando decidi parar. Pensei não vou desperdiçar minhas lágrimas com coisas como essas minhas lágrimas são reservadas para as coisas boas e somente as coisas boas. Parei. Foi assim fácil,cheguei em casa a primeira coisa que fiz foi jogar minha camisa rasgada no chão não queria aquilo no meu corpo, pra ser sincero nem sei se a usarei de novo. Abri o notebook e escrevi tudo... agora...6:40 da manhã o dia já esta claro e tudo virou história mas se eu resumisse

"Eu vi a cara da marginalidade e ela esta a margem de mim"

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