A poesia é um dom
Que a musa divina inspira
É a pepita que ofusca
O cascalho da mentira
Peço ajuda ao universo
Para narrar, no meu verso,
Uma lenda do Curupira.
Sigo aqui no meu cordel
Pra falar do Curupira
Ser pequeno e esperto
Que anda sempre na mira
Do terrível caçador
Que vive sem ter amor
E nos animais atira.
Pra falar do Curupira
Ser pequeno e esperto
Que anda sempre na mira
Do terrível caçador
Que vive sem ter amor
E nos animais atira.
Tem os cabelos vermelhos
Dentes de rara beleza
Verdes como a esmeralda
Luz de vaga-lume acesa
Não gosta de caçador
É o gênio protetor
Das coisas da Natureza
Ele tem os pés pra traz
Que na trilha ele ilude
Foi pra frente ou foi pra traz?
O caçador se confunde.
Agora vou começar
A narrar para vocês
A história de um grande feito
Que o curupira fez
Esse conto é caso sério
Não é nada brincadeira
De um caçador terrível
Chamado Zé da peixeira.
Na época do caçador
Tudo andava em marcha ré
Ele não respeitava os bichos.
Era maldoso e de má fé
Ele não pensava nada,
Qualquer coisa ele matava
Gato, cobra, e Jacaré.
Como poeta do povo
Vou narra esse mistério
Do maldito caçador
Que se tornou um caso sério.
Que assustava a natureza,
Tornando a pura beleza
Da floresta um cemitério
Diziam que o tal maldoso
Tinha um bafo horroroso
Igual a alma penada
Ele ia pra caçada
Dês do inicio da noite
Até o fim da madrugada
E os bichos comentavam
O que o mostro fazia
Gargalhava horrivelmente
Com a sua estripulia
Que até sangue de gente
O tal do caçador bebia.
O feioso, ele tinha
Uns dois metros de altura
Pisava igual dinossauro
Andando na noite escura
Semelhante a escuridão,
Na sua triste figura.
Com seu canelão comprido
Parecia uma fera
Ele era tão fedido
Que por onde ele passava
Já fedia a atmosfera
Foi então que o Curupira
Descobriu sua maldade
E foi atrás do caçador
Que morava na cidade.
Mas na cidade o curupira
Não sabia como agir
Então naquele dia
Deixou o caçador fugir.
E a floresta então sofreu
Mais um tempo nessa vida
Suas matas se assombraram
Sua gente tão sofrida
Dormião pelos buracos
Com a alma constrangida
Curupira então na mata
Ficou mesmo decidido
Preparou uma emboscada
Para o caçador fedido.
Pois o curupira tinha
O poder da oração
Do senhor são Cipriano
A quem tinha devoção,
E que a arma do bandido
Ele traria na mão.
O besta do caçador
Foi seguindo animado
As pegadas do Curupira
Que davam pro lado errado
Ele foi subindo a trilha
Mas se deu mal um bocado.
Pois quando ele estava lá
No topo da colina
O caçador caiu em cheio
Na esperta da armadilha
Do atento curupira
Que já tinha ele na mira.
Um cipó muito veloz
Enroscou-se em sua perna
Ele rolou a ribanceira
Com o cipó em sua canela
Fico todo estropiado
Com a cara cheia de terra.
No meio da confusão
Cada coisa foi prum canto
Ele perdeu sua espingarda
Rolando pelo barranco.
Sua faca voou longe,
Na hora do solavanco.
O chapéu dele sumiu
A bota ele não viu
E o cadarço ele engoliu
Para o seu grande espanto.
Foi então que o curupira
Apareceu em sua frente
Com seu cabelo vermelho
Parecendo chama ardente
E gritou para o homem
Me escute seu doente.
Essa aqui é minha floresta
Daqui não arredo o pé
Teu passado te condena
Bom sujeito tu não é
Podia até ser meu amigo
Mas é cheio de ambição
Ao matar a natureza
Maltratou meu coração
Em seguida deu um grito
Que a terra estremeceu
O caçador tão assustado
Até a cor dele perdeu
Tua perna ficou bamba
E seu corpo amoleceu.
Depois desse susto todo
Ele caiu desmaiado
Já caiu de boca aberta
Com a língua para o lado
Parecia uma lombriga
Pois caiu com zói virado
Depois desse episódio
Nunca mais ele caçou
Só de pegar na espingarda
Já sentia o pavor
Do sabido Curupira
Nosso gênio protetor.
FIM