terça-feira, 19 de agosto de 2014

Curupira contra o Zé da Pexeira em Cordel



A poesia é um dom
Que a musa divina inspira
É a pepita que ofusca
O cascalho da mentira
Peço ajuda ao universo
Para narrar, no meu verso,
Uma lenda do Curupira.

Sigo aqui no meu cordel
Pra falar do Curupira
Ser pequeno e esperto
Que anda sempre na mira
Do terrível caçador
Que vive sem ter amor
E nos animais atira.

Tem os cabelos vermelhos
Dentes de rara beleza
Verdes como a esmeralda
Luz de vaga-lume acesa
Não gosta de caçador
É o gênio protetor
Das coisas da Natureza

Ele tem os pés pra traz
Que na trilha ele ilude
Foi pra frente ou foi pra traz?
O caçador se confunde.

Agora vou começar
A narrar para vocês
A história de um grande feito
Que o curupira fez
Esse conto é caso sério
Não é nada brincadeira
De um caçador terrível
Chamado Zé da peixeira.

Na época do caçador 
Tudo andava em marcha ré
Ele não respeitava os bichos.
Era maldoso e de má fé
Ele não pensava nada,
Qualquer coisa ele matava
Gato, cobra, e Jacaré.

Como poeta do povo
Vou narra esse mistério
Do maldito caçador
Que se tornou um caso sério.
Que assustava a natureza,
Tornando a pura beleza
Da floresta um cemitério

Diziam que o tal maldoso
Tinha um bafo horroroso
Igual a alma penada
Ele ia pra caçada
Dês do inicio da noite
Até o fim da madrugada

E os bichos comentavam
O que o mostro fazia
Gargalhava horrivelmente
Com a sua estripulia
Que até sangue de gente
O tal do caçador bebia.

O feioso, ele tinha
Uns dois metros de altura
Pisava igual dinossauro
Andando na noite escura
Semelhante a escuridão,
Na sua triste figura.

Com seu canelão comprido
Parecia uma fera
Ele era tão fedido
Que por onde ele passava
Já fedia a atmosfera

Foi então que o Curupira
Descobriu sua maldade
E foi atrás do caçador
Que morava na cidade.

Mas na cidade o curupira
Não sabia como agir
Então naquele dia 
Deixou o caçador fugir.

E a floresta então sofreu
Mais um tempo nessa vida
Suas matas se assombraram
Sua gente tão sofrida
Dormião pelos buracos
Com a alma constrangida 

Curupira então na mata
Ficou mesmo decidido
Preparou uma emboscada
Para o caçador fedido.

Pois o curupira tinha
O poder da oração
Do senhor são Cipriano
A quem tinha devoção,
E que a arma do bandido
Ele traria na mão.

O besta do caçador
Foi seguindo animado
As pegadas do Curupira
Que davam pro lado errado
Ele foi subindo a trilha
Mas se deu mal um bocado.

Pois quando ele estava lá
No topo da colina
O caçador caiu em cheio
Na esperta da armadilha
Do atento curupira
Que já tinha ele na mira.

Um cipó muito veloz
Enroscou-se em sua perna
Ele rolou a ribanceira
Com o cipó em sua canela
Fico todo estropiado
Com a cara cheia de terra.

No meio da confusão
Cada coisa foi prum canto
Ele perdeu sua espingarda
Rolando pelo barranco.

Sua faca voou longe,
Na hora do solavanco.
O chapéu dele sumiu
A bota ele não viu
E o cadarço ele engoliu
Para o seu grande espanto.

Foi então que o curupira
Apareceu em sua frente
Com seu cabelo vermelho
Parecendo chama ardente
E gritou para o homem
Me escute seu doente.

Essa aqui é minha floresta
Daqui não arredo o pé
Teu passado te condena
Bom sujeito tu não é

Podia até ser meu amigo
Mas é cheio de ambição
Ao matar a natureza
Maltratou meu coração

Em seguida deu um grito
Que a terra estremeceu
O caçador tão assustado
Até a cor dele perdeu
Tua perna ficou bamba
E seu corpo amoleceu.

Depois desse susto todo
Ele caiu desmaiado
Já caiu de boca aberta
Com a língua para o lado
Parecia uma lombriga
Pois caiu com zói virado

Depois desse episódio
Nunca mais ele caçou
Só de pegar na espingarda
Já sentia o pavor
Do sabido Curupira
Nosso gênio protetor.


FIM

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Desnorteados




Estou no centro.
Perdido no meio sem encontrar as bordas, na maior distância entre dois pontos.
Mergulhado em mim, me debato espasmático e febril, meu olhar estático é suspensa fumaça na atmosfera.
Eu me vasculho, procuro nas minhas entranhas, nas minhas gavetas, um lugar pra me guardar.
Um lugar pra me guardar...
Nesse lugar que entrei quase por acaso.
Não consigo sair.
Perdi a direção de mim.